Os Trapalhões foi um famoso grupo humorístico brasileiro que obteve sucesso na televisão e no cinema desde meados da década de 1960 até por volta de 1990. O grupo era composto por Didi Mocó (Renato Aragão), Dedé Santana, Mussum e Zacarias; cada um desenvolveu uma persona cênica distinta.
O quarteto tinha um programa de televisão homônimo criado por Wilton Franco,[1] que estreou em março de 1977, antes do Fantástico. Exibido aos domingos, o programa apresentava uma sucessão de esquetes entremeados sem aparente conexão, exceto a presença d'Os Trapalhões. Um dos maiores fenômenos de popularidade e audiência no Brasil em toda a história, Os Trapalhões entrou para oLivro Guinness de Recordes Mundiais como o programa humorístico de maior duração da televisão, com trinta anos de exibição.
O primeiro filme d'Os Trapalhões, Na Onda do Iê-Iê-Iê (1965), contava apenas com a dupla Didi e Dedé. Com o quarteto clássico, foram produzidos vinte e um filmes, começando com Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1978) até Uma Escola Atrapalhada (1990). Mais de cento e vinte milhões de pessoas já assistiram aos filmes d'Os Trapalhões, sendo que sete destes filmes estão na lista das dez maiores bilheterias do cinema brasileiro.
O nome trapalhão é derivado do verbo atrapalhar, que significa o oposto de ajudar ou fazer alguma coisa da maneira errada. O nometrapalhão tornou-se tão famoso que acabou sendo usado, no Brasil, em títulos de vários filmes estrangeiros de comédia, na tentativa de atrair mais público. Isso ocorreu com alguns filmes de Jerry Lewis, Woody Allen e Peter Sellers.
O show
O programa era formulado por várias cenas de alguns minutos, em que tomavam parte situações cômicas dos protagonistas, às vezes com um deles, dois, três e mesmo com os quatro Trapalhões. Os assuntos das cenas eram, por exemplo, os Trapalhões se opondo a inimigos ou a si mesmos em disputas (nas quais Didi saía vitorioso em quase todas as vezes), eles pregando peças em outras pessoas e até em si mesmos e os quatro unindo forças para chegar a um objetivo comum. Houve também, ao longo dos anos do programa, várias paródias de Super-Heróis tradicionais, como Super-Homem (frequentemente interpretado por Didi por causa de seu papel de líder), Batman (este mais interpretado por Dedé, devido ao seu papel de segundo em comando e também por existirem suspeitas quanto a Dedé (personagem) e Batman serem homossexuais), Homem-Aranha, Fantasma, Hulk, etc.
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Protagonistas
- Didi (Renato Aragão): Um esperto cearense com linguajar e aparência bastante cômicos, e que poucas vezes terminava as cenas com má sorte ou como perdedor, tanto enfrentando inimigos como seus próprios três companheiros. Apesar de ser o líder do grupo, em certas cenas é considerado pelos seus três companheiros como o membro de menor importância. Era apelidado de "cardeal" ou "cabeça-chata", referindo-se à sua condição de retirante nordestino.
- Dedé (Dedé Santana): Era o que agia com mais seriedade e considerado o cérebro do grupo, sendo uma espécie de "segundo no comando". Sua masculinidade era sempre ironizada por Didi, que criava apelidos como "divino".
- Mussum: Um bem-humorado carioca negro que tinha orgulho de dizer que era natural do Morro da Mangueira, uma comunidade do Rio de Janeiro. Possuía um linguajar bastante peculiar, sempre empregando o "is" no final de quase todas as palavras, criando assim os bordões "cacildis" e "forévis". Sua maior paixão é a cachaça, a qual ele chama de "mé" (ou "mel"). Devido ao fato de ser negro, era sempre alvo de piadas e apelidos, como ser chamado ironicamente de Maizena por Didi, ou mesmo "azulão" ou "cromado".
- Zacarias: Um tímido e baixinho mineiro com personalidade infantil e voz bastante fina, como a de uma criança. Por ser calvo, sempre usava uma peruca.
Coadjuvantes
O principal elenco de coadjuvantes, devido aos vários anos nos quais participaram do programa, era.
- Carlos Kurt: um homem louro, às vezes barbudo, intimidador, alto e com olhos enormes, que frequentemente representava vilões, valentões e outros personagens inimigos dos Trapalhões. Era frequentemente apelidado por Didi como "bode louro", "alumão" (alemão) e "macarrão de hospital". Faleceu em 2003.
- Roberto Guilherme: um homem obeso e calvo que, assim como Carlos Kurt, também se destacou no programa interpretando papéis antagonistas. Seu principal trabalho foi dar vida ao seu mais famoso personagem, o Sargento Pincel.
- Dino Santana: irmão de Dedé Santana. Representava personagens anônimos e sem destaque, o que talvez torne difícil seu reconhecimento por parte do público. Foi coadjuvante não só no programa dos Trapalhões até o ano final (1993), mas também em alguns filmes do quarteto, como Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, no qual representou o personagemBeato do deserto.
- Ted Boy Marino: um lutador de luta-livre com um cabelo bem similar ao do personagem He-Man e sotaque espanhol.
- Tião Macalé: um dos mais famosos coadjuvantes. Um homem negro com um sorriso sem-dentes, que quase sempre encerrava suas participações nas cenas com a frase "Nojento!", frase que o fez famoso no Brasil.
Outros
Outros coadjuvantes e convidados (participantes de alguns quadros), alguns com muitas participações, foram: Isaac Bardavid (famoso dublador brasileiro), Older Cazarré, Zilda Cardoso(a famosa Catifunda), Arnaud Rodrigues, Armando Bógus, Carlos Alberto de Nóbrega e seu filho Marcelo de Nóbrega, Elizângela, Chico Anysio, Pelé, Otávio Augusto, Nizo Neto, Lúcio Mauro, Zezé Macedo, Rogério Cardoso, dentre muitos outros.
Houve também diversas homenagens à cantores no programa dos Trapalhões; alguns deles foram: Ritchie, cantando sua música Transas; Joanna, com a sua Sonho a Dois; e Marcos Valle com sua Estrelar.
História
Primórdios
Estreou em 1966, na TV Excelsior de São Paulo com o nome Adoráveis Trapalhões. Reunia na sua fórmula quatro tipos: o galã Wanderley Cardoso, o diplomata Ivon Cury, oestourado Ted Boy Marino e o palhaço Renato Aragão, o "Didi Mocó", além de Manfried Sant'anna, o "Dedé Santana". Com a saída de alguns desses integrantes, e a entrada do sambista participante de Os Originais do Samba Antônio Carlos Bernardes Gomes, o "Mussum", e de Mauro Faccio Gonçalves, o "Zacarias", consolidou-se o grupo que iria mais tarde tornar-se um dos quadros mais famosos da TV brasileira.
Na TV Record, o programa foi chamado "Os Insociáveis", o que desagradava Renato Aragão. Ao passar para a TV Tupi, ele fez com que o nome de "Os Trapalhões" se fixasse como sendo o do grupo (também incluiu Zacarias, no lugar de Roberto Guilherme, que antes completava o quarteto como "Beto"). Ali, Os Trapalhões conseguiram maior audiência em seu horário do que o quase sempre líder de audiência Fantástico, na cidade de São Paulo. Mas a antiga emissora já apresentava muitas dificuldades financeiras, o que trouxe inúmeros problemas aos artistas. Finalmente, o programa foi para a Rede Globo em 1977, onde conseguiu um sucesso duradouro.
Estreia na TV Globo
Em 1977, o diretor de operações da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, convidou os Trapalhões para levar seu programa para a emissora. Renato Aragão conta que temia aceitar a proposta. Afinal, na Tupi, ele tinha toda a liberdade para ser irreverente o quanto quisesse. A Globo era conhecida pelo seu famoso padrão de qualidade, e o humorista não tinha certeza se os Trapalhões se encaixariam nele. Para não ter que recusar formalmente a proposta, ele chegou a fazer uma lista de exigências de três páginas na qual determinava quais seriam o diretor, redator e o horário do programa. Para sua surpresa, Boni aceitou sem questionamentos as exigências. Os Trapalhões mudaram, então, de emissora.Depois de dois especiais exibidos dentro da faixa de programação Sexta super, às 21h, em janeiro e fevereiro, Os Trapalhões estreou em março de 1977, aos domingos, antes do Fantástico. O programa apresentava uma sucessão de esquetes entremeados com números musicais, exibidos sem aparente conexão, exceto a presença dos próprios Trapalhões.
Um quadro mais longo, cheio de ação e diálogos, podia ser seguido por uma sucessão de gags visuais curtas e um quadro fixo como o Trapaswat, uma paródia do seriado americanoSWAT. O diretor Augusto César Vannucci citava as chanchadas e a comédia pastelão como principais referências, mas não havia um formato pré-estabelecido. Segundo Renato Aragão, qualquer ideia podia virar um esquete a qualquer momento. Ele conta que, certa vez, a caminho do estúdio, ouviu no rádio a canção Teresinha, de Chico Buarque. Achou que a letra – a história de vários amores do ponto-de-vista de uma mulher – daria um quadro para Os Trapalhões. Ao chegar ao Teatro Fênix, onde era gravado o programa, escreveu ele próprio o esquete e, no mesmo dia, gravou uma espécie de videoclipe satírico no qual o quarteto interpretava os personagens da música.Foi a primeira de uma série de paródias de musicais que marcaram o humorístico. Os Trapalhões também costumavam participar dos números dos cantores convidados. Quando Ney Matogrosso foi ao programa, Didi estava trajando figurinos e maquiagem idênticos aos dele, por exemplo. Situação parecida aconteceu em outras ocasiões com outros artistas, como Elba Ramalho e Tony Tornado. o
O programa também tinha outros atores fixos que não faziam parte do quarteto principal: o hilariante Tião Macalé (que imortalizou o bordão "Ih! Nojento!"), Jorge Lafond (que satirizava os homossexuais), Emil Rached (o gigante atrapalhado de 2,23 m), Carlos Kurt (o "alemão" de olhos esbugalhados e sempre mal-humorado), Felipe Levy (frequentemente no papel de "chefe" ou "comandante"), Roberto Guilherme (o eterno "Sargento Pincel", quase o quinto trapalhão, uma vez que acompanhou o grupo em toda sua trajetória), Dino Santanna (irmão de Dedé Santanna), o anão Quinzinho entre muitos outros.
Quinze anos de Trapalhões
Foi nesse contexto de ampla aceitação que o grupo comemorou 15 anos de existência, com o especial Os Trapalhões – 15 anos, exibido em julho de 1981, no primeiro domingo do mês, durante oito horas, com a participação de quase todo o elenco da TV Globo, jornalistas e músicos convidados. O especial também serviu para divulgar a campanha em favor dos portadores de deficiência visual, promovendo a doação de córneas e de bolsas de emprego em todo o país.Nesse ano, sob direção de Adriano Stuart e redação de Gilberto Garcia, Os Trapalhões já tinha um público notoriamente infantil e foi nessa época que o quarteto alcançou grande repercussão, principalmente depois dos sucessos que fizeram no Festival de Berlim. Tanto o público quanto os críticos passaram a ver os quatro integrantes do grupo como os principais representantes nacionais da comédia infanto-juvenil. No mesmo ano, o programa exibiu um especial de quinze anos que ficou quase oito horas no ar, com onze quadros e uma campanha em favor dos deficientes físicos.Em 1982, o programa ganhava a direção de Osvaldo Loureiro, o público passou a assistir a gravação de alguns quadros no Teatro Fênix (Rio de Janeiro). Em maio de 1983, o programa iniciou uma nova fase comGracindo Júnior (direção) e Carlos Alberto de Nóbrega (redação). Além dos tradicionais esquetes isolados, as comédias teatrais bastante conhecidas foram adaptadas para o humor do programa. Shows eram gravados mensalmente com a participação do público. Passaram também a ser incluídas gravações externas.Ainda em 1983, foi exibida a campanha SOS Nordeste.
Sob direção de Paulo Araújo, em 1984, o quarteto teve uma renovação na linguagem visual para dar uma maior unidade, com a base do cenário sendo branca, mudando a cor apenas dos elementos de cena. Passaram a ser usados pela primeira vez bordões pelo grupo (Acredite, mas não é; Dez, nota dez). Em 1985, os humoristas gravaram uma série de catorze episódios em Los Angeles. A partir de 1986, Com direção geral de Walter Lacet,o programa começou a focar mais o público infantil, com quadros direcionados para essa faixa etária e uso dos efeitos especiais. Em agosto do mesmo ano, Carlos Manga passa a dirigir o programa, fazendo quadros mais curtos e interligados uns aos outros.
Plateia
Os Trapalhões passou a contar com uma plateia presente às gravações no Teatro Fênix, a partir de 1982, quando o programa era dirigido por Oswaldo Loureiro. Os esquetes eram encenados como se fosse um programa ao vivo, com o mínimo de pausa para a mudança de cenários e figurinos. As constantes improvisações do grupo se tornaram ainda mais frequentes diante de um público que parecia adorar o espírito anárquico dos comediantes. Mais tarde, os “cacos” que resultavam em erros e forçavam a equipe a ter que refazer as cenas – em boa parte das vezes porque o elenco se perdia em gargalhadas descontroladas – passaram a ser exibidos em edições especiais do programa no final do ano, tamanho sucesso faziam aos olhos da plateia.
Em 1983, o programa passou a ser dirigido por Gracindo Júnior e redigido por Carlos Alberto da Nóbrega. Gracindo Jr. imprimiu um formato diferente a cada semana, sem fugir do humor característico dos Trapalhões. Assim, em um domingo o programa podia adaptar comédias teatrais; em outro, se transformar num show circense e, no seguinte, apresentar os tradicionais esquetes isolados.
Separação
O programa passou por um período delicado quando os Trapalhões decidiram se separar. Dedé, Mussum e Zacarias romperam com a Renato Aragão Produções, empresa que cuidava dos negócios do grupo, formaram sua própria empresa e optaram por seguir sozinhos na carreira cinematográfica e deixar o programa. A separação durou cerca de seis meses, período em que Renato Aragão estrelou sozinho o programa
Retorno
No final de 1983, por iniciativa própria, os humoristas decidiram voltar com o quarteto.Depois do período de afastamento, que Renato Aragão passou a chamar de “férias conjugais”, Os Trapalhões voltaram em grande estilo no domingo,dia 25 de março de 1984, num programa que contou com a participação de Chico Anysio. Em um cenário todo branco, exceto por alguns esparsos elementos de cena – uma árvore e alguns soldadinhos de chumbo, vivamente coloridos –, o comediante contou a história dos Trapalhões para uma pequena plateia formada por Simony, a apresentadora da Turma do Balão Mágico; Isabela Bicalho, a Narizinho do Sítio do picapau amarelo; e Gabriela Bicalho, atriz mirim do elenco da novelaChampagne (telenovela).Ilustrando a fala de Chico Anysio, imagens de arquivo relembraram o início da carreira do grupo, seus sucessos no cinema e momentos marcantes na televisão. Em seguida, Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias entraram em cena, trajando smokings e, emocionados, se reapresentaram para o seu público.
Os Trapalhões nas ruas
Em 1984, Os Trapalhões passou a ser dirigido por Paulo Araújo. Na equipe de redação estavam, além do próprio Renato Aragão, Carlos Alberto de Nóbrega, Emanuel Rodrigues,Expedito Faggioni, Arnaud Rodrigues, Humberto Ribeiro, Mário Alimari, Nelson Batinga e Bráulio Tavares. O número de quadros do programa aumentou consideravelmente – agora eram cerca de 20 por semana – assim como as cenas externas. Um dos quadros, Jabgnum – sátira ao seriado policial Magnum, exibido pela TV Globo – tinha várias sequências em que Didi corria pelas ruas do Rio de Janeiro envergando camisa havaiana e bigode iguais aos de Tom Selleck, astro do seriado.Em 1985, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias foram gravar nos Estados Unidos uma série de 14 episódios que foi exibida a partir de abril, no bloco final do programa. A série mostrava os Trapalhões envolvidos em confusões e perseguições pelas ruas de Los Angeles.
Novas mudanças
Os Trapalhões passou por uma reformulação em março de 1986, quando Walter Lacet assumiu a direção do programa. A principal novidade foi a criação de quadros dirigidos especificamente para crianças. Embora fosse um humorístico bastante abrangente, o programa sempre teve grande apelo junto ao público infantil, com uso freqüente de efeitos especiais. Renato Aragão classifica seu humor como primordialmente simples e de fácil assimilação. Outra mudança foi a diminuição do número de esquetes independentes em favor de quadros que reuniam Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Atores do elenco da TV Globo que, em geral não costumavam aparecer em humorísticos, foram convidados especiais do programa. Em agosto, Carlos Manga assumiu a direção. O número de gravações externas aumentou e os esquetes, agora mais curtos e rápidos, passaram a ser interligados. Dedé Santana passou a ser também co-diretor.A equipe de redação nessa época contava com Geraldo Alves, Gugu Olimecha, Expedito Faggioni, Humberto Ribeiro, Emanoel Rodrigues, Renato Aragão e Celso Magno, o baiaco, que era também o dublê de Renato Aragão nas cenas perigosas. Carlos Alberto da Nóbrega e Roberto Silveira assinavam a redação final.
Vinte anos
No dia 28 de dezembro de 1986, os Trapalhões comemoraram 20 anos de carreira com um programa especial dedicado à Campanha do Menor Carente, que marcava o início de uma série de campanhas que levaria ao ar pela TV Globo no decorrer do ano seguinte. Transmitido ao vivo do Teatro Fênix, 20 Anos Trapalhões – Criança Esperança foi ao ar às 11 da manhã e se estendeu por nove horas. Em cada um dos seus 28 blocos, fazia-se um balanço das doações da campanha e eram exibidas vinhetas sobre os direitos das crianças, entrevistas com convidados e documentários sobre experiências de apoio e recuperação de menores de rua. A partir de então, a TV Globo passou a exibir anualmente o especial Criança Esperança. O Especial do 1º Show do Criança Esperança foi dirigido por Victor Paranhos e supervisionado geralmente por Walter Lacet.
Reformulações
Em 1987, ocorreram novas mudanças: Maurício Tavares assumiu a direção e inseriu quadros inéditos, além de humorísticos musicais (com a presença de cantores convidados). Em1988, Wilton Franco assumiu a direção do programa, que ganhou shows ao vivo com a participação do público e o público infantil passou a ganhar mais atenção, com brincadeiras, atrações e quadros voltados para esse público. O quarteto ainda se tornou parte integrante do elenco do extinto programa de rádio A Turma da Maré Mansa, transmitido pela Rádio Globo. Nesse ano o novo quadro fixo, Quartel Trapalhão foi criado e tornou-se um grande sucesso. Os soldados eram o quarteto, além de atores que participavam e provocavam oSargento Pincel, interpretado por Roberto Guilherme.
Sem Zacarias
No dia 18 de março de 1990, antes de se iniciar a temporada dos programa dos Trapalhões do mesmo ano, Zacarias veio a falecer, vítima de insuficiência respiratória. Segundo Renato Aragão, o impacto da morte do companheiro por pouco não representou o fim do grupo. Ele conta que, uma vez decidido que eles continuariam a trabalhar como forma de homenagear a memória de Zacarias, a estrutura d'Os Trapalhões precisou ser reinventada de forma a suprir a ausência do amigo. De fato, o programa que foi ao ar naquele ano, com direção de Wilton Franco e supervisão de criação de Chico Anysio, trouxe mudanças significativas. A atração maior das temporadas de 1990 e 1991 foi o quadro Trapa Hotel, onde Didi, Dedé e Mussumcontracenavam com outros funcionários, como Divino (Jorge Lafond), Sorriso (Tião Macalé) e o diretor Batatinha (Roberto Guilherme), que realizava um papel autoritário e bem semelhante ao do Sargento Pincel, também vivido por Roberto Guuilherme. A atriz mirim Duda Little tinha participação no quadro como filha adotiva e melhor amiga de Didi. No mesmo ano, fazia a sua estréia no programa o cantor Conrado, que era o galã do grupo e ficou por três anos e 9 meses no programa, além da sua atual mulher, a ex-Paquita Andréia Sorvetão. O hotel era um estabelecimento meio decadente que tentava a todo custo se manter apesar das confusões do gerente Didi; do secretário de esportes e lazer Dedé e do segurança Mussum. Criado pela cenógrafa Leila Moreira, o cenário do Trapa Hotel - construído no Teatro Fênix – tinha dois andares, elevador panorâmico e porta de entrada giratória. O Trapa Hotel continuou a ser exibido em 1991, mas a primeira parte do programa sofreu mudanças. O palco do Teatro Fênix se transformou em um bairro típico de uma grande metrópole, com prédios altos, letreiros em néon, becos escuros, carros passando e muita fumaça. Nesse cenário, cantores convidados se apresentavam e novos quadros fixos - como a Oficina dos Picaretas e O Filho do Computador, e eram encenados enquetes com alguns personagens que haviam aparecido no ano anterior, como o anão Ananias, feito por Renato Aragão. A redação final do programa ficava a cargo de Renato Aragão e do diretor Wilton Franco. Chico Anysio continuava supervisor de criação.
Em 1991, o programa passa por outra reformulação: o rap tomou conta do grupo, que mostrava um bairro típico de qualquer cidade grande, onde aconteciam shows de cantores convidados e novos quadros, como a Oficina dos Picaretas e O Filho do Computador.
25 anos
Em julho, para celebrar os 25 anos dos Trapalhões, a TV Globo apresentou uma programação especial, com 25 horas de duração, durante a qual foram lançadas campanhas de conscientização sobre os direitos da criança, com arrecadação de donativos para as obras da Unicef. O Especial Criança Esperança teve apenas 06 horas de duração. As comemorações tiveram início no sábado, dia 27, a partir de uma matéria do Jornal Nacional, seguida de flashes ao vivo do Teatro Fênix. No dia 28, a programação teve início às 7 horas com a missa celebrada ao vivo pelo cardeal D. Eugênio Salles e terminou no fim da noite, no Teatro Fênix, com a despedida e o agradecimento dos Trapalhões ao público. Os Trapalhões – 25 Anos teve direção de Wilton Franco e Maurício Sherman e direção geral de Aloysio Legey e Walter Lacet.
Vila Vintém
Em março de 1992, foi estreada a A Vila Vintém, que mostrava histórias passadas em uma rua de subúrbio, além da Agência Trapa Tudo. Didi era o vagabundo "Bonga", personagem que já havia interpretado em filme dos anos 1970, e acolhia a menina "Tininha" (Alessandra Aguiar), fugida de um orfanato – o primeiro quadro da dupla fez clara referência ao O garoto, de Charles Chaplin; Dedé era o dono de uma oficina; Mussum o mordomo de uma casa rica.
Inovações
Com a missão de renovar a linguagem d'Os Trapalhões, José Lavigne assumiu a direção geral em 1993 e promoveu modificações radicais no programa. A plateia foi abolida e os esquetes deixaram de ser pontuados pelas risadas da claque. A primeira parte do programa trazia esquetes variados em que Didi, Dedé e Mussum contracenavam com o elenco do ano anterior. Alguns desses esquetes eram fixos, como Os piratas, em que os Trapalhões, caracterizados como os próprios piratas, apareciam nas situações mais inusitadas. A locução que anunciava o nome do quadro – “Os piratas!”, em tom ameaçador – acabou se tornando num bordão que Didi repetia em outros quadros sem motivo aparente. O referido bordão foi criado nesse mesmo ano.
A segunda parte do programa, em 1993 era dedicada à comédia Nos cafundós do brejo, escrita pelos humoristas do Casseta & Planeta e pelo dramaturgo Carlos Lombardi. Com uma linguagem entre o sitcom e as histórias em quadrinhos, o quadro mostrava o cotidiano de Zé do Brejo, personagem de Renato Aragão, e sua vida numa fazenda caindo aos pedaços. No elenco também estavam Alessandra Aguiar, Sérgio Mamberti, Chico Diaz, Letícia Spiller e Roberto Bomtempo. A redação final era de João Carlos Motta, a colaboração foi de Casseta & Planeta, Urgente! e os diretores assistentes eram Márcio Trigo e Paulo Aragão.
Morte de Mussum
Em 29 de julho de 1994, quando Mussum morreu, em decorrência de problemas no coração, Renato Aragão conta que achou que sua carreira havia chegado ao fim. Depois de prosseguir durante um tempo, o humorista decidiu parar de gravar o programa. Nesse ano, o programa deixou de gravar quadros para exibir apenas reprises, que continuaram até a reestreia do programa, em 1995.
Versões compactas de 25 minutos com os melhores momentos dos Trapalhões desde a estreia em 1977 passaram a ser exibidos de segunda à sexta, às 17h. A direção era deFernando Gueiros, com supervisão geral de Maurício Sherman.
Tudo novo em 1995
Os Trapalhões só voltou ao ar em 1995, exibido nas tardes de domingo e dirigido por Paulo Aragão Neto, filho de Renato Aragão. Nessa fase, as reprises dos melhores momentos continuaram a ser apresentadas no programa. Em um cenário idealizado por Leila Moreira – um palco fixo de 360°, cercado pela platéia e com um fundo composto por um telão com nove telas planas e mais 25 monitores, que faziam uma moldura em torno das telas –, Didi e Dedé organizavam brincadeiras com a plateia e recebiam artistas convidados, com quem comentavam os esquetes e relembravam suas participações no programa. A função de recepcionar os convidados também cabia às Didicas, duas assistentes de palco vividas porTerezinha Elisa e Roberto Guilherme. As Didicas também participavam das gags com os Trapalhões e apresentavam coreografias entre um quadro e outro. O figurino da dupla era temático, idealizado por Lulu Areal de acordo com os convidados do programa. Já Renato Aragão e Dedé Santana trajavam um figurino sóbrio, diferente de todos os que já usaram no programa. No encerramento, manteve-se a tradição de se mencionar as campanhas da Unicef em prol das crianças carentes.Em julho, o programa estreou o quadro Plantão Trapalhão, no qual Alessandra Aguiar apresentava entrevistas curtas feitas com personalidades, transmitidas através do telão, e contracenava com Renato Aragão no palco. Em agosto, o programa ainda apresentou novas mudanças: Didi e Dedé estrelavam versões bem-humoradas de clássicos infantis e esquetes com a participação de humoristas como Tom Cavalcante e Eliezer Motta, entre outros. Mas nesse mesmo mês, Os Trapalhões deixou de ser transmitido.
Trinta anos
Em 1996, os humoristas Renato Aragão e Dedé Santana foram os apresentadores do especial Criança Esperança 1996, 25 Horas - Os Trapalhões 30 Anos. Esse especial reuniu parte do elenco da Globo e artistas diversos. O especial Criança Esperança 1996, 25 Horas - Os Trapalhões 30 Anos foi criado por Aloysio Legey, Paulo Netto e Mauro Monteiro, teve direção de Aloysio Legey e Paulo Netto e direção geral e direção de núcleo de Aloysio Legey. O especial também homenageou os 30 Anos dos Trapalhões, representados pela dupla humorística Didi e Dedé (Renato Aragão e Dedé Santana). O humorístico Os Trapalhões seria extinto em 1997.
Atualmente
Após várias discussões e debates na Rede Globo, Santana reergueu sua parceria com Aragão no programa de televisão A Turma do Didi, dirigido por Guto Franco. O episódio foi transmitido no domingo,dia 22 de junho de 2008 e contou com a participação dos amigos juntos.Após os momentos de nostalgia e brincadeiras entre a equipe técnica, que confirma que Didi ficou à vontade ao trabalhar com Dedé, o elenco surpreendeu-os com bolo e festa pela presença do humorista novamente na trupe. Foram quase quinze anos de distância profissional, mas a amizade, dizem eles, continua a mesma. Apesar de toda a alegria do reencontro, nenhuma menção ao extinto Os Trapalhões foi feita. "Reviver o passado é muito duro para nós dois. Não podemos fazer nenhuma referência; foi uma época de ouro, agora é outro trabalho, novos tempos", explica Aragão, o Didi[carece de fontes].
Comenta-se que a Globo resistiu mas sem nunca recusar a possibilidade dos últimos integrantes trabalharem juntos novamente[carece de fontes]. Para os antigos fãs da série, este acontecimento marcou um real acordo entre os dois "trapalhões" remanescentes.
Abertura
A abertura original d'Os Trapalhões foi concebida por Hans Donner em 1977. Era um desenho animado que mostrava Didi, Dedé, Mussum e Zacarias numa sequência de situações absurdas. Entre outras aventuras, os quatro escapavam de ser atropelados por uma locomotiva, fugiam da perseguição de um tubarão, atravessavam o sertão vestidos como cangaceiros e subiam à bordo de um navio pirata no qual Didi aparecia como capitão, usando uma perna-de-pau. Tudo isso ao som do tema instrumental que acompanharia o grupo ao longo dos anos, composto pelo diretor musical do programa José Menezes França.O programa ganhou nova abertura de Hans Donner em 1987. Dessa vez, os quatro comediantes gravaram todas as cenas em película, como se estivessem contracenando com outros atores.
Depois, suas imagens foram coloridas por computador e foram inseridos desenhos animados. Como na primeira abertura, os Trapalhões eram mostrados em diversas situações cômicas, mas, dessa vez, os traços realistas ressaltavam o absurdo das gags: Dedé era um frentista de posto de gasolina que, distraído com a passagem de uma mulher de biquini, quase afogava um cliente com combustível; Mussum era um pescador que secava um rio quando acidentalmente arrancava a tampa de um ralo imaginário gigante; Zacarias era um caçador embrenhado na mata que levava um ovo na cara quando tentava atirar num passarinho; e Didi, um presidiário que fazia embaixadas com a bola de ferro presa ao seu tornozelo, dava um belo chute de bicicleta e era catapultado para fora dos muros da prisão. Renato Aragão lembra que teve que repetir a cena da bicicleta diversas vezes, sem dublê, até que o diretor se desse por satisfeito com o resultado. Para começar, pela primeira vez, desde a estreia, os humoristas não apareciam na vinheta de abertura. Dessa vez, uma animação mostrava as letras da logomarca do programa executando um balé no vídeo até que, por fim, se uniam para formar as palavras “Os Trapalhões”. em 1992 eles três voltaram com uma nova abertura:Mussum-o guarda de trânsito atrapalhado,Dedé um tocador de flauta ilusionista e Didi um domador de elefante.Em 1993, uma última abertura foi criada por:Hans Donner, dessa vez, os três protagoniva-se como marionetes manipulado pelos próprios.
Em 31 de Julho de 1994, com a morte de Mussum, foi intitulado como "os melhores momentos de todos os tempos"… a abertura ficou similar com a anterior, e contava com diversas montagens de todas as aberturas.
Os Trapalhões em Portugal
O programa em Portugal) contava apenas com Dedé Santana e Renato Aragão, também conhecido como "Didi Mocó". Na versão produzida pela SIC a série não contava com Zacarias e Mussum, que já tinham falecido à altura.
Convidados pela SIC para repetirem a proeza que fizeram no Brasil, fizeram então "Os Trapalhões em Portugal". A série durou dois anos, de 1995 a 1997.
Para além dos famosos Didi e Dedé, o show também contava com alguns atores portugueses, como José Boavida, Carlos Sebastião, João Didelet, Raquel Almeida, Rita Blanco, Ana Luís e João Vaz.[2]
Filmes
O primeiro filme d'Os Trapalhões foi realizado em 1965 e contava apenas com a dupla Didi e Dedé. Com a formação clássica (que contava ainda com Mussum e Zacarias) foram realizados vinte e três filmes, entre 1978 e 1990. Mais de cento e vinte milhões de pessoas já assistiram a filmes d'Os Trapalhões, sendo que sete filmes estão na lista dos dez mais vistos na história do cinema brasileiro. São eles:
- 4.º lugar – O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão de 1977, com 5,8 milhões de espectadores
- 5.º lugar – Os Saltimbancos Trapalhões de 1981, com 5 milhões
- 6.º lugar – Os Trapalhões na Guerra dos Planetas de 1978, com 5 milhões
- 7.º lugar – O Cinderelo Trapalhão de 1979, com 4,7 milhões
- 8.º lugar – Os Trapalhões na Serra Pelada de 1982, com 4,7 milhões
- 9.º lugar – O Casamento dos Trapalhões de 1988, com 4,5 milhões
- 10.º lugar – Os Vagabundos Trapalhões de 1982, com 4,4 milhões
Discografia
Neste artigo se apresenta a discografia do grupo Os Trapalhões.
- 1974 - Os Trapalhões - Volume 1
- 1975 - Os Trapalhões - Volume 2
- 1979 - Os Trapalhões na TV
- 1981 - O Forró dos Trapalhões
- 1981 - Os Saltimbancos Trapalhões
- 1982 - Os Vagabundos Trapalhões
- 1982 - Os Trapalhões na Serra Pelada
- 1983 - O Cangaceiro Trapalhão
- 1984 - O Trapalhão na Arca de Noé
- 1984 - Os Trapalhões e o Mágico de Oroz
- 1984 - Os Trapalhões
- 1985 - A Filha dos Trapalhões
- 1987 - Os Trapalhões
- 1988 - Os Trapalhões
- 1991 - Amigos do Peito - 25 Anos de Trapalhões
- 1995 - Os Trapalhões em Portugal
- 1996 - Trapalhões e Seus Amigos
Curiosidades
Os Trapalhões trouxeram para a TV Globo sua marca-registrada: o hábito de improvisar em cena e inserir cacos no texto com o único objetivo de fazer o público rir, sem a preocupação de respeitar normas cênicas convencionais. Assim, era comum que Didi levantasse a grama cenográfica para esconder uma chave, chutasse rochedos feitos de isopor para o alto, atravessasse paredes falsas ou denunciasse a ironia de estar fingindo se afogar em um mar feito de celofane. Também era freqüente que os colegas de cena explodissem em gargalhadas no meio das falas e, em seguida, voltassem normalmente ao script.
- Para Renato Aragão, a improvisação foi um recurso tão vital para o humor do programa quanto o texto. Ele conta que, no início, chegou a ser advertido por meio de memorandos de que seus cacos ameaçavam “desmistificar a televisão”. Boni, no entanto, tratou de dar aos comediantes carta branca para que fizessem o que bem entendessem.
- Renato Aragão criava bordões com extrema facilidade usando expressões já existentes ou simplesmente inventando coisas como “audácia da pilombeta!”. Vários bordões de Didi foram incorporados pelo público e expressões como “é fria!” (encrenca); “bufunfa” (dinheiro), “poupança” (traseiro), “tesouro” ou “bicho bom” (mulher bonita) se tornaram gírias que são repetidas desde então. Didi também se comunicava diretamente com o telespectador do programa chamando-o de “ô da poltrona” ou simplesmente de “ô psit”.
- Renato Aragão criou ainda gestos que se pode chamar, com alguma liberdade poética, de “bordões visuais”, como o de passar a mão sobre a boca e depois estalar os dedos no ar, como quem recolhe um beijo e o sapeca no espaço. Um gesto positivo, de confiança dirigido à câmera e, portanto, ao telespectador, que sintetizava o que outro dos bordões de Didi dizia em três palavras: “aguarde e confie”.
- Mussum também eternizou outro bordão famoso d'Os Trapalhões. Ele usava a palavra inglesa “forever” – que significa “para sempre” em português – para designar várias coisas, em especial o traseiro. Pronunciada à sua maneira peculiar, a palavra se tornava “forévis”.
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